Imagine
a cena: Você, num calor de 38°C, de casaco, touca, botas e calças. Pois é, essa
é a vida de um Papai Noel brasileiro.
Reza a lenda que toda essa fatídica história
teve inicio por volta de mil e uns quebrados, com um velhinho que lá pelas esquinas da Finlândia, ou Islândia
(ou algumas outras destas “lândias” lá da extrema ponta de cima do mundo)
distribuía presentes pra pirralhada da região no natal . O negócio é que nessas
“lândias”, o frio é de doer em pleno verão, mas, como no natal lá não é verão,
é inverno, o frio é de lascar, e era necessária essa parafernália toda de roupa
pra aguentar, sem encarangar, a tarefa de ser “O Bom Velhinho”. O negócio
acabou dando certo, e o visionário incorporou pra si o slogan de “seja rico ou
seja pobre o velhinho sempre vem”, caindo no gosto da garotada e fazendo da
distribuição de presentes um ofício.
Tempos depois, com a descoberta de terras novas,
localizadas nos trópicos, a fundação foi abrindo suas franquias. Quem se lascou
nesse caso foi o Papai Noel que trabalha na filial brasileira que, como em toda
outra empresa de franquia, tem um uniforme padronizado e segue os moldes
indicados pela matriz. A alteração mais recente aconteceu no inicio do século
passado, quando, por motivos de força maior, o uniforme mudou da cor verde para
o vermelho, mas, mesmo assim nada de mudanças no tamanho. Naquele tempo, a luta para a mudança não foi
grande, apenas alguns papais Noel reivindicaram uma roupa menos desconfortável,
mas como os padrões morais da época pediam roupas “sóbrias”, a luta foi
natimorta e a revolução ficou pra mais tarde.
Em 1988 com a Constituição brasileira e com o medo da
ditadura extinto, foi criado o SUPNB (Sindicato unificado dos papais Noel do
Brasil) com o intuito de normatizar a profissão de papai noel. Mas os clientes
não aceitaram, quando o primeiro bom velhinho sindicalizado apareceu de bermuda
floral e camiseta, despachando os presentes via Sedex (Sedex 10 para capitais e
regiões metropolitanas). Logo voltaram os antigos uniformes, o saco jogado nas
costas e o calor insuportável.
Anos 90, geração saúde. A moda era ser magro e esbelto, e
dessa onda os bons velhinhos profissionais não escaparam, a pior parte disso, é
que as barrigas grandes e redondas são parte do figurino, e para manter essa
imagem entraram em cena as espumas, que agora davam mais uma grossa camada de
calor para coitado.
Com o tempo, os bons “bons velhinhos” de ofício foram
morrendo, e agora já se vê até caras novos com um rosto falsamente rosados e
com barba e cabelo branco postiços quebrando um galho na tarefa de distribuir
presentes.
O que não entendo é como o transporte do coitado não
evolui, continua sendo uma carroça puxada por renas, com tanto conversível com
ar condicionado por ai ele continua com essa vida arcaica. Sua justificativa é
que sua luta é pelo meio ambiente também.
Outro dia, eu sentado num bar e passou um papai Noel, ele
pediu uma água de côco. Eu, abismado, quase escrevi uma cartinha num guardanapo
e entreguei à ele, mas me contive e perguntei apenas:
- Essa roupa ai com esse tempo é pedreira usar né?
No que ele respondeu:
- Pra usar até que não, o problema é quando dá dor de
barriga!
E acabou-se assim, o meu encanto com o natal!
Para ser papai noel é preciso antes de tudo, um excelente plano de saúde!
ResponderExcluirhahahahahaha, e ter um saco bem grande!
ExcluirDepois disso tudo penso que Papai Noel merece umas férias em janeiro, com muito sol e praia. Já até consigo visualiza-lo de bermuda floral, óculos escuro e tomando uma cervejinha beira-mar.
ResponderExcluirTadinho, ele merece.
hahahahahaha, vai depender do meu presente. se vier bom, ele tira ferias! asuhasusahhsa
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